Sofre de Distorção de Imagem? Como Tratar na Terapia esse Problema?
Sofrer de distorção da autoimagem corporal é algo muito profundo — e doloroso. A pessoa olha para o próprio corpo e não vê o que realmente está lá; ela enxerga uma versão distorcida, muitas vezes marcada por críticas, repulsa ou vergonha. Isso pode estar ligado a feridas como humilhação, rejeição ou até injustiça, como vimos antes.
Na terapia, o tratamento é possível e eficaz, mas exige tempo, cuidado e segurança emocional.
O que é a distorção da imagem corporal?
É quando a percepção que a pessoa tem do próprio corpo não corresponde à realidade objetiva. Isso pode se manifestar como:
Sentir-se "gordo(a)" mesmo estando magro(a);
Enxergar defeitos exagerados ou inexistentes;
Foco obsessivo em partes do corpo;
Sentir vergonha intensa do próprio corpo;
Evitar espelhos, fotos ou roupas.
Geralmente está presente em casos de:
Transtorno de imagem corporal (disformia corporal);
Transtornos alimentares (anorexia, bulimia);
Ansiedade, depressão ou traumas relacionados ao corpo (ex: bullying, abuso, críticas parentais).
Como tratar na terapia?
1. Acolhendo a dor do paciente na construção de vínculo
A terapia começa com a criação de um espaço seguro para que a pessoa fale sobre como ela se sente com o próprio corpo.
O terapeuta valida essa experiência, sem forçar mudanças. O foco é escutar o sofrimento com empatia, sem correções do tipo “você está lindo, não precisa pensar isso”.
“Como é viver nesse corpo hoje? Como você se sente quando se olha?”
2. Nomear e mapear as vozes críticas
Muitas vezes, a distorção vem de vozes internalizadas (pais, escola, cultura, redes sociais).
A terapia ajuda a identificar essas vozes e separar o que é opinião dos outros e o que é sua experiência autêntica.
“Quem foi a primeira pessoa que fez você se sentir errado no seu corpo?”
3. Trabalhar a ferida de humilhação ou rejeição
Como vimos antes, a ferida da humilhação faz a pessoa acreditar que não tem valor, que é “feia”, “errada”, “inadequada”.
A terapia ajuda a reencontrar a dignidade do corpo, reconhecendo que ele é digno de existir, mesmo com suas imperfeições.
“E se você pudesse tratar seu corpo como trataria uma criança ferida?”
4. Reestruturar a autoimagem aos poucos
Pode incluir exercícios de espelho, registro de pensamentos automáticos, exposição gradual a fotos antigas ou recentes, etc.
Em abordagens como a TCC (terapia cognitivo-comportamental) trabalha-se com a reestruturação de crenças distorcidas.
5. Trabalhar o corpo também (com cuidado!)
Isso ajuda a pessoa a habitar o corpo com mais presença, aceitação e carinho.
E na abordagem fenomenológico-existencial a distorção da imagem corporal não é tratada como uma “falha de percepção”, mas como uma forma de ser-no-mundo marcada pelo sofrimento.
Ou seja, o problema não é só o corpo — é o modo como a pessoa está existindo com e através desse corpo.
O terapeuta ajuda o paciente a habitar novamente o corpo como lugar de presença, e não como objeto.
A imagem do corpo é compreendida como expressão de uma dor existencial profunda, que pode estar ligada à vergonha de existir, à busca por controle ou à tentativa de merecer amor.
Exemplos de intervenções possíveis:
Diálogo com o corpo: “Se seu corpo pudesse falar agora, o que ele diria?”
Trabalho com fotos, espelhos ou desenhos (dependendo da abordagem).
Explorar a relação entre corpo e identidade: “Quem você acha que seria se seu corpo fosse diferente?”
Reintegração da sexualidade, do prazer, da sensibilidade;
Libertação de padrões externos para viver uma identidade mais autêntica.
Se você passa por esse transtorno sozinho, não hesite em buscar ajuda. Podemos te ajudar!
